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Trajano Vieira

Trajano Vieira, professor e tradutor

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As Rãs de Aristófanes

As Rãs de Aristófanes (2014) – tradução por Trajano Vieira. Editora Cosac Naify

A comédia As rãs é um caso especial na literatura do Ocidente: ao mesmo tempo composição hilariante, imbatível em seus jogos verbais, e, talvez, a primeira obra de crítica literária de nossa tradição. As cenas de disputa entre Ésquilo e Eurípides no reino de Hades, arbitrada pelo irreverente Dioniso, símbolo da representação teatral, são o ápice da peça. Trata-se de estabelecer qual dos dois é o maior poeta trágico grego; o prêmio do vencedor será o retorno ao mundo dos vivos. Raramente a paródia foi usada de modo tão divertido: invenções verbais inusitadas, construções engenhosas de palavras compostas, agilidade na variação de registros verbais, do palavroso ao palavrão, têm até hoje o poder de desencadear o riso.

Se a história literária se constrói pelo conflito geracional entre os partidários do coloquialismo e da linguagem direta e os que lapidam a beleza do artifício, As rãs é o marco inicial dessa dialética. O debate – a manifestação dialógica de pontos de vista diferentes e conflitantes – é o fundamento do teatro grego. Obter situações cômicas a partir desse princípio requer imaginação e perícia verbal. O efeito gerado por inversões de papéis, ou carnavalização, é o fulcro da comédia. Aqui, Aristófanes dá a Dioniso, deus do teatro, a dupla tarefa de desencadear o processo e representar a função.

Esta tradução de As rãs transpõe para o nosso idioma os jogos verbais do original e o tom apimentado da dicção do mais importante comediógrafo que nos chegou da Antiguidade, não por acaso admirado por escritores como Gustave Flaubert e James Joyce, que reservou parte da segunda página do Finnegans Wake ao mais famoso coaxar das rãs de que se tem notícia. A preocupação maior do tradutor foi manter a fluência notável dos diálogos sem se afastar do labor requintado da linguagem repleta de trocadilhos e vocábulos compostos, sempre orientado pela bússola desabusada do riso.

 


 

Eurípides:

Usar linguagem da altitude do Parnaso
ou Licabeto ensina alguém a ser mais íntegro?
Não é melhor falar como os demais humanos?

Ésquilo:

Canalha! Ideias grandes e conceitos pedem
vocábulos robustos e proporcionais,
e é normal que um semideus use registro
solene, como vista mantos mais formais.
Corrompeste o decoro que eu lhes dei em vida.

Eurípides:

De que maneira?

Ésquilo:

Vestindo reis com trapos para despertar
a compaixão das gentes.

 

As Rãs de Aristófanes (2014) – tradução, introdução e notas de Trajano Vieira

 

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